5 March 2009

Deixar de escrever

Tenho estado a pensar porque é que deixei de escrever e acho que foi por uma parvoíce tipo falta de tempo. A verdade é que se acabaram as cartas de amor (ou namoro) e os poemas em post-it. Acabaram-se as frases soltas em papeis rasgados ou páginas perdidas. Acabaram-se letras começadas por tudo e por nada. Toalhas de mesa e guardanapos de papel riscadas. E, pior ainda, acabaram-se os diários. Por isso mesmo, e para contrariar a tendência, a partir de hoje vou fazer um poema por dia e, entenda-se, isso pode significar apenas uma palavra. Melhor ainda, vou começar a fazer um saco para cada poema, cheio de palavras e letras e coisas afins. Pode ser que ajude a desbloquear....

Há dias assim
Que o vento abre as janelas fechadas
E destranca as portas de casa
Sem maçanetas ou chaves
Sem pudor ou vergonha

Lembrei-me agora de outro que tenho andado a construir no caminho para casa (e não, não bebo quando sai do escritório, embora às vezes me apeteça):

Se eu tivesse que ser uma andorinha
Não queria ser parva
Recusava-me a voar à toa
e não dirigia palavras aos pombos
esses são parvos
Se eu fosse uma andorinha
não era preta
era da cor que me apetecesse
só para chatear

1 comment:

  1. Não, não deixes de escrever!
    A avaliar pelos poemas de amostra, a tua escrita é solta, criativa e respira-se liberdade com a sua leitura.
    Também não me importava de ser andorinha, mas verde, para me confundir com as folhas das árvores e espreitar a vida, de forma a escolher só o que me agradasse...!

    deixo-te um AIKU

    Se fosse andorinha
    saltitava por ali
    espreitando a vida

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